Pesquisar este blog

quinta-feira, 1 de março de 2012

Vivendo no Espírito


Antes de te explicar o título deste post, eu gostaria de recontar uma parábola, que embora não saiba quem a tenha inventado, com certeza foi um coração que de fato aprendeu a viver no Espírito.
Certo fazendeiro tinha um belo pomar, no qual havia plantado uma bela laranjeira. Cuidadosamente a regou, adubou e podou, até que numa manhã ensolarada ao olhar pela janela viu as belas laranjas que pendiam de ramos viçosos. Se aproximou e sentiu o aroma cítrico, alimentando a expectativa no sabor daquelas frutas tão belas. Apanhou a primeira e a descascou, porém ao prová-la… bleargh! Que azeda aquela laranja! “Que falta de sorte a minha!”, pensou ele, porém mais do que prontamente apanhou outra, na esperança de que a doçura mais do que certa aliviaria aquele sabor azedo, porém era ainda pior a segunda tentativa. Uma a uma ele tentava provar algo que fizesse valer a pena todo o esforço e tempo que gastara naquela árvore, mas estavam todas ruins, todas amargas.
Na tentativa de “consertar” a laranjeira, ele arrancou cada laranja e esperou a nova safra. Quando o esperado dia chegou, toda a ansiedade foi recompensada com… laranjas ainda piores que as primeiras! Um absurdo! Como aquilo era possível? Como algo tão ruim poderia ficar ainda pior?  O que ele poderia fazer agora? Abismado, ele resolve podá-la drasticamente, na esperança de que novos galhos dessem origem a novos ramos e consequentemente novas laranjas, boas laranjas. Já dizia o ditado :“A esperança é a última que morre”, e morreu naquela nova safra, dois anos após as últimas laranjas, porém duas vezes mais amargas.
Então um grande dilema passou pelo coração daquele fazendeiro: “E se… o problema estiver na semente que plantei? O que mais eu poderia fazer?”. A angústia correu do coração para os músculos da face, esboçando a total decepção, enquanto a dura verdade se materializava no velho machado dentro do celeiro. Ele sabia naquele momento que nada poderia ser feito com aquela árvore, que todo o esforço e tempo gastos havia sido em vão, e que se ele quisesse realmente laranjas boas ele deveria cortar pela raiz a laranjeira, e plantar outra no lugar, uma nova e boa semente, uma minúscula semente, começar do zero…
De um lado da balança estavam doze anos de cuidados, um orgulho ferido e uma laranjeira imprestável. No outro lado pendiam uma semente nova, a humilhação de todos que o vissem cortar a tão gabada laranjeira, um machado a ser afiado, e muito esforço pra derrubar centenas de quilos de madeira ingrata. O que ele faria então?
Cortou. Doeu. No fim do serviço um terreno vazio. A saudade do gosto das laranjas boas que “quase” provou. A sensação de fragilidade frente a uma semente desconhecida. A esperança apenas, e a determinação em esperar de novo doze anos, não havia mais orgulho, não havia mais reputação. Era ele e a semente.
Anos se passaram, agora não mais um coração orgulhoso, não mais a prepotência no falar. A nova semente curiosamente gerara um novo fazendeiro. A esperança crescera, junto com a serenidade, e os comentários malvados dos colegas já não o feriam mais. Embora todos dissessem o contrário ele apenas acreditava na qualidade da nova semente. Mal sabia ele que aquela havia sido uma lição dada por Jesus, e aquela semente, aquela semente era um novo coração.
----------------------
“E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.
Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á.
Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?
Ou que diria o homem em troca da sua vida?” (Marcos 8:34-37)
“Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14:33)
----------------------
Somos os fazendeiros, e o nosso eu é a nossa laranjeira. Levantamos nosso ego desde o dia que nascemos, e quanto maior e mais viçosa é a “árvore do eu”, mais amargos se tornam os frutos da independência em cada ser humano. Em busca  de se tornar Deus, o homem trabalha inutilmente naquilo que já não presta, e dia após dia assina sua obra prima em cada desgraça, cada desequilíbrio e cada destruição. Aos olhos, ele se sente como se estivesse “fazendo um mundo melhor”, porém não sabe que nunca será capaz de gerar algo bom.
----------------------
“…entre os homens não há um que seja reto; todos armam ciladas para sangue; caça cada um a seu irmão com uma rede…” (Miquéias 7.2)
----------------------
A religião é uma venda na qual o homem mascara sua indepêndencia, tapa os olhos para o coração de Deus, e cria pra si uma imagem de um Deus que não fira seus interesses egocêntricos. O Nome de Jesus é colocado frente a campanhas de prosperidade e cura, afinal saúde e dinheiro quem não quer? Porém quando o assunto é o Jesus Verdadeiro, quando a cruz é de madeira, e os pregos de metal frio, então poucos homens e mulheres se levantam pra lembrar, e ainda mais escassos os que se levantam pra imitá-lo, catequizando em seus corações e atitudes as palavras do Mestre retratadas em passagens como Mc 8.34-36 e Lc 14.33.
Porém, nesse interim, a vontade de Deus é uma apenas:
---------------------- 
“Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” (Atos 2:38)
----------------------
Quando aceitamos cortar a árvore do eu, o Senhor Jesus planta em nós uma nova semente, e esta é o Espírito Santo. Viver no Espírito implica em morrer a cada dia pra si mesmo, e gerar frutos bons no Senhor. Não somos nós que os geramos, mas Ele mesmo, o Autor e Consumador da nossa fé, Jesus Cristo.
Viver no Espírito implica em entender que santidade não é um substantivo, é um verbo. É ação diária, e entregar a Deus a direção de toda a nossa vida, e isso constantemente. Implica em receber do Espírito aquilo que precisamos para viver na fé, tal qual um bebê depende dos pais para sobreviver.
Jesus não nos chamou para vivermos provando laranjas amargas, e passarmos a vida inteira tentando provar que pelo menos um pouquinho de nós estava certo. Jesus nos libertou naquela cruz para sermos de fato livres, livres de nós mesmos. Só existe liberdade para o coração que se prende ao Senhor, e se lança aos pés do Trono.
O caminho para o celeiro, até aquele machado, todos conhecemos. É tão simples e claro que, embora muitos tentem complicar, sabem que na verdade derrubar uma árvore é mais rápido do que vê-la crescer, porém basta ao homem o esforço de cumprir com a Palavra, e fazer do arrependimento o cotidiano.
Negar a si mesmo.
Diariamente tomar a cruz.
Perder a vida.
Renunciar a tudo.
Andar na luz.
Viver no Espírito.
Matar o eu.
Viver Jesus.
Que o Senhor te abençoe com a Presença dEle, e multiplique em nós a revelação diária da vida no Espírito.
Guilherme Wilson, discípulo de Jesus.

Um comentário:

  1. Aleluia! Louvado seja o Senhor por este post, filho!
    Que a cada dia você permita ser usado pelo Senhor, sendo sensível à sua voz e pronto a registrar tudo aquilo que Ele faz brotar no seu coração.
    Me edificou muito essa mensagem!
    Te amo!

    ResponderExcluir