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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Meditação em I Coríntios 13 – Versículo 7

Versículo 7: “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Sofrimento, fé, esperança e longanimidade. O que essas quatro palavras tem em comum? Todas elas são reações.

Muitos versículos neste capítulo falaram até agora de atitudes do amor, mas esse versículo fala de reações do amor.

O que é o sofrimento? A definição no dicionário é:

So.fri.men.to: s. m. Dor física ou moral; padecimento, amargura. Desgraça, desastre.m. Ato ou efeito de sofrer. Padecimento. Dor. Amargura. Paciência. Desastre.

De fato, sofrer não é algo agradável, e corresponde à negligência aos desejos de nossa alma. É um estado passivo, onde não se pode fazer muita coisa. Por que razão alguém sofreria tudo? Como poderia alguém sofrer todo o dano, e aceitar todo o opróbrio e sentença, mesmo quando não tem culpa de nada? Opa! Conhecemos alguém que já passou por isso, não é? Pois é, Ele mesmo, o Autor da Vida, Jesus Cristo, Senhor e Rei, sofreu tudo. Ele é o Pai do Amor, e por isso o Amor é Sua Assinatura.

Somos capazes de sofrer tudo somente por meio da ação de Cristo em nós, por intermédio de Seu Santo Espírito. A razão é muito simples, nosso ego não aceita sofrer, porque o ego é incapaz de amar.

Fé praticamente dispensa comentários. Ela é totalmente passiva. A grande beleza da fé, é que ela não depende de nós, e ficamos inteiramente à mercê de Deus. É aquele momento em que, sem mais recursos, olhamos para os olhos do Senhor e clamamos que Ele faça por nós. Deus se alegra quando o homem se lança frágil e incapaz aos pés dEle, e por isso é que sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). Deus não quer fortes que se virem sozinhos, quer filhos que necessitem dEle. Por isso, o Amor, o qual procede dEle, não se manifesta sem fé

Esperança está intimamente ligada à fé, porém mais associada ao momento que se estende do pedido ao Senhor até o cumprimento. Quando eu era pequeno gostava muito de passear com meus pais e irmãos depois dos cultos. Quando acabava o culto eu jogava um indireta no carro: “nossa, que vontade de comer hambúrguer!”. O carro arrancava e seguia no caminho de casa. Eu sabia que quando chegasse àquele cruzamento meu pai deveria virar à esquerda pra ir ao carrinho de hambúrguer, e sabia também que se ele seguisse reto... o ansiado hambúrguer estaria perdido. Eu confiava no meu pai e esperava nele, sabia que de alguma forma ele iria virar, acreditava nisso! E sabe de uma coisa? Ele virava! E eu ficava doido de alegria no carro! Aquele instante desde a saída do culto até aquele cruzamento era uma experiência fortíssima! Parecia durar um século! E todo o meu coração de criança estava esperando por aquela curva!

É exatamente assim a esperança. Nossa fé manifesta o começo do tempo de espera, até esse tempo se findar no cumprimento do que esperamos. O texto diz que o amor tudo espera, portanto se por acaso perder as esperanças já te digo uma coisa, não é amor o que está vivendo.

“Tudo suporta”. Suportar é aguentar algo que nos faz sofrer. Longanimidade, ou seja, ter ânimo longo, persistir e perseverar. Desistir jamais, afinal desistir e não ter esperança e esmorecer na fé, resumindo, é não amar. Falar isso é muito mais fácil do que viver isso, porém só é possível nunca desistir se tivermos revelação do poder de Deus no momento em questão, e nos sujeitarmos 100% à ação do Espírito Santo.

É impossível amar fora da ação do Espírito Santo, porque naturalmente tudo em nós é ego, e o egocentrismo é o oposto do amor. Vale lembrar que o texto coloca TUDO antes de cada uma dessas atitudes de coração. Isso quer dizer puramente que nada escapa, e que TUDO é TUDO. Isso deve produzir enorme temor em nós, afinal quantas e quantas vezes falhamos em aceitar sofrer, na fé, na esperança e na longanimidade? Eu sou tremendamente falho nisso, e peço misericórdia ao Senhor, que essas palavras que escrevo não fiquem apenas nessa página da internet, mas produza transformação em minha vida e me leve para mais perto do coração dEle.

 

Que o Senhor abençoe a cada um de vocês,

 

Guilherme WIlson, discípulo de Jesus.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Meditação em I Coríntios 13 – Versículo 6

Versículo 6: “Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade”;

Pense em injustiça, o que lhe vem em mente? Pense um pouco.

Muitos provavelmente devem ter associado a palavra injustiça com alguma ocasião que sofreu ou presenciou. O menino senta no sofá para jogar videogame depois de ter tomado banho e feito o dever de casa, quando a mãe entra na sala e diz: “Filho, seu pai quer assistir o noticiário, vá brincar no seu quarto”. Qual a reação do menino? “Ah! Mãe, mas isso não é justo!”.

A pergunta que não quer calar é: porque ele se achou injustiçado?

A resposta é bem simples. Na cabeça da criança existem as seguintes fórmulas:

Bom comportamento = recompensa;

Rebeldia + Pedido de desculpas = absolvição;

Xingar + Ser xingado = Estar quites;

Entre outras fórmulas.

Não somente a criança, mas todo ser humano trabalha com matemática. Embora muitos atestem detestar a mesma, tem suas vidas impregnadas da lógica pura. O porquê de isso acontecer é simples também.

Quando Adão pecou ele morreu relativamente a Deus. Até então, toda a percepção que ele tinha da vida era fruto do relacionamento com Deus. A curiosidade sobre qualquer coisa, creio eu, o levava a buscar em Deus respostas, e essas respostas eram para ele a plenitude da verdade sobre tal assunto.

Depois de ter pecado, morto relativamente a Deus, Adão perdeu toda a fonte real de conhecimento que recebia, e sua alma já não tinha respostas simples para tantas e tantas coisas. Foi aí, precisamente aí, que nasceu a lógica.

O principio básico da lógica é:

Se A é igual a B, então C.

Se A é diferente de B, então D.

Um exemplo: O gato é maior do que o rato. Se o rato não pode passar debaixo da porta, então o gato também não pode.

O grande problema com essa fórmula é que os termos “igual” e “diferente” necessitam de uma referência, e de onde vem essa referência? O que nos permite diferenciar as coisas?

1) Visão: “Aquela árvore é maior do que esta”;

2) Audição: “Este som é mais agudo que aquele”;

3) Olfato: “Este perfume é mais forte do que o outro”;

4) Paladar: “Este chá está mais doce do que ontem”;

5) Tato: “Esta panela está mais quente do que a que está na mesa”.

Tudo o que nos possibilita comparar e relacionar, são os nossos cinco sentidos, porém sabemos que eles estão relacionados com o nosso corpo, e que existem outros sentidos na natureza, então a pergunta é: será que Deus só tem os mesmos cinco sentidos? Seria uma tremenda presunção de nossa parte dizer uma coisa dessas, não?

Voltando então, o menino cria seu parâmetro de justiça com base na lógica, na matemática. A lógica depende das comparações, e as comparações dependem dos nossos sentidos. Então, será que a nossa justiça é a mesma de Deus? Por certo que não.

O texto do quinto versículo está dizendo que o amor não se alegra com a injustiça. O que isto quer dizer? Quer dizer que o amor, por ser formado em Deus, não sente prazer quando algo não é justo diante de Deus.

Como saber se algo não é justo diante de Deus? Perguntando pra Ele, e examinando a Santa Palavra. Precisamos lembrar que por meio de Jesus temos acesso ao coração do Senhor tal como Adão tinha, fomos feitos Filhos de Deus, e não mais somos obrigados a gerir conclusões e padrões de justiça através da nossa lógica falha. Em outras palavras, para amarmos, é preciso que nos relacionemos com Deus, de forma que venhamos a entender a profundidade do que Ele considera justo ou injusto, e então nosso coração venha a se alegrar com a Justiça dEle, nos regozijando na verdade.

Gozo é alegria, prazer, satisfação. Regozijar na verdade é viver saciado na verdade, da seguinte fórmula:

“Deus, por que isso é aquilo?”

“Por causa disso meu(inha) filho(a) amado(a).

“Ok Senhor, entendi. Obrigado por me revelar Pai! Minha alma se alegra no Senhor!”

Simples não é? Simples e perfeito. Davi passava muito tempo com o Senhor, qual foi o resultado? Mais de uma centena de salmos de louvor e glorificação a Deus. Alegria plena, regozijo completo na verdade!

 

Jesus Cristo é a Verdade!

 

Que Deus abençoe vocês!

Guilherme Wilson, discípulo de Jesus.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Meditação em I Coríntios 13 – Versículo 5

Versículo 5: “Não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se alegra do mal;”

Bom, antes de qualquer coisa temos que refletir e entender o que significam as palavras “conveniência”, “interesse”, “exasperar” e “mal”. Vamos lá:

Conveniência

Algo conveniente é algo vantajoso, útil, preciso, adequado. Essas palavras, no entanto, exigem explicações. Algo é vantajoso se gerar vantagem para alguém. É útil se gerar utilidade para alguém. É preciso se atender a necessidade de alguém. Adequado só o é se se adequar a vontade de alguém. Bom, mas quem? A resposta para isso é um tanto óbvia para nós, esse alguém é Deus. Quando realizamos algo que REPRODUZ a vontade de Deus, então somos convenientes. Já deve ter se deparado com a frase: “o que fulano de tal fez foi muito inconveniente, todos ficaram constrangidos”.

Interesse

Ouro e areia são feitos de exatamente as mesmas coisas: átomos. O que faz o garimpeiro jogar fora a areia e reter o ouro é o interesse que tem nele. Nada “salta” aos nossos olhos se não gerar proveito algum nós. Passamos todos os dias por árvores que sequer prestamos atenção, porém um andante do deserto do Saara daria MUITO valor às árvores, com sua sombra preciosa. Para haver interesse próprio é preciso haver ego.

Exasperar

Exasperar é o mesmo que irritar, encolerizar, enfurecer. A fúria é o resultado violento de uma expectativa não alcançada. Ela ocorre quando algo é capaz de nos tirar do sério, e sempre está relacionada com o nosso eu. Quando ocorre a ofensa, somos tomados de um desejo carnal de resistência, de garantir que nossa opinião seja mantida ilesa, ou nossos “direitos” garantidos. Isso é se exasperar, é quando se “explode”.

Mal

Essa palavrinha é muuuuuuito simples, e ao mesmo tempo muito complicada. Entender o significado do que é mal vai muito além da nossa capacidade humana, porque não sabemos lidar com o bem e o mal. Por exemplo, a Palavra diz que nossa justiça é pra Ele como trapo de imundícia (Isaías 64.6), isto é NADA do que vem de nós é bom. E diz também no livro de Isaías que Deus se agradou com o sofrimento de Jesus na cruz (Isaías 53.10). Diz também que Deus tem prazer na morte dos seus santos (Salmo 116.15). A verdade é que Deus, e somente Deus sabe definir o que é bom e o que é mal. A nós, cabe entender que o mal é aquilo que não é vontade de Deus, e o bom, o desejo do Seu coração.

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Entendendo essas palavras, conseguimos agora refletir mais sobre o que Paulo quis dizer neste quinto versículo de I Coríntios 13.

Conduzir inconvenientemente é conduzir de forma inadequada. O amor é conduzido, porque está em movimento, é uma ação. Amar é se mover em função do outro, fazer algo em prol do outro, agir. Existe um Caminho a trilhar na condução do amor, e sabemos bem QUEM é Este Caminho. Mas também uma forma de conduzi-lo, uma forma conveniente, e esta forma está no coração do Senhor. Ele, porém, não nos mostra o que fazer no futuro, mas nos conduz dia-a-dia, de forma que administremos a dose certa de cada coisa a seu tempo. (Ah Senhor, como eu quero aprender isso!)

Como vimos, o interesse surge no ego, alguém gera o interesse. O que a Palavra diz é que devemos buscar os interesses do coração de Deus! Não creio que esta palavra esteja nos dizendo para cumprir os desejos “do outro”, mas sim o interesse de Deus, e é claro que isso incluirá o melhor ao outro, porém não na nossa ótica humana, na de Deus!

Jesus nos disse que devemos ser mansos e humildes, e isso é exatamente o contrário de se exasperar. A ira não pode existir em nossos corações, exceto se for gerada pela ofensa ao Senhor, e vejamos bem: Quando nos iramos contra algo que ofende a santidade de Deus, nos atemos somente às atitudes, NUNCA às pessoas. Não posso ter ira contra o homossexualismo tendo ira contra o homossexual! Não posso ter ira contra a corrupção tendo ira contra o corrupto! Nossa atitude é de orar pela intervenção do Senhor, e pela misericórdia e transformação que vêm dEle.

Algo só pode trazer alegria quando somos satisfeitos em alguma área de nossas vidas. A alegria está intimamente ligada à satisfação da alma em algo. Se o texto diz que o amor não se alegra do mal, isso significa que a alegria ligada àquilo que ofende a vontade de Deus, NÃO tem nada a ver com o amor. O amor só se satisfaz no cumprimento da vontade de Deus, e mais nada!

A razão pela qual as coisas são dessa forma é porque o amor nasceu no coração de Deus. Não existe possibilidade de que ele esteja ligado àquilo que O desagrada.

 

Graça e paz,

Guilherme Wilson, discípulo de Jesus.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Meditação em I Coríntios 13 – Versículo 4

Versículo 4: “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece,”

Começa nesse versículo uma sucessão de qualidades do amor. É bom enfatizar que qualidades são atributos, e embora todos esses termos sejam coisas boas, é imprescindível enxergar esses itens como características que o amor possui. Creio que devemos refletir em cada um deles isoladamente, e depois refletirmos no conjunto inteiro.

 

É paciente.

A paciência é capacidade de não alterar o comportamento e não induzir agressividade mesmo sob circunstancias ruins e repetidas incontavelmente. Para que exista paciência, é preciso crer que algo inerente a nós vai acontecer, e vai regular as coisas. Se o outro nos ofendem várias vezes, nossos corações tendem a pensar: Ele(a) nunca vai mudar. Isso se dá pela lógica humana, que diz que uma atitude repetida muitas vezes, será repetida infindamente, pois está associada ao caráter e personalidade da pessoa. Mas se cremos que o Espírito do Senhor Jesus é poderoso para produzir tanto o querer quanto o realizar segundo a Sua Vontade, então a lógica morre, e somos capazes de esperar. Resumindo: A paciência só ocorre quando entendemos e submetemos o outro à ação do Senhor, sem tocar em feridas ou “mexer os pauzinhos”, e isso se chama amor.

 

 

É benigno.

A benignidade está associada a uma coisa ser “do bem” e não “do mal”, mas para a entendermos, é necessário antes entender o que é o bem ou o mal. Sem dar muitos rodeios, algo só é bom quando procede do coração de Deus. Todo o resto é mal. O bem está associado à plenitude da verdade, e ela só existe em Cristo, portanto, só pode haver o bem quando a coisa em questão parte do coração de Deus. Uma mesma pessoa pode agir com o bem ou com o mal, dependendo de sua dependência de Deus num dado momento, mas uma coisa benigna é bastante diferente. O BEM está para a BENIGNIDADE assim como a PUREZA está para a SANTIDADE. Ser benigno é ter uma atitude constante em relação a fazer o bem, é algo contínuo e não momentâneo. Resumindo: O amor é benigno porque sempre aponta para fazer o bem, e é uma atitude contínua.

 

 

Não arde em ciúmes.

Uma vez eu li que “ter ciúmes é se sentir mal por saber que a outra pessoa pode ser feliz sem você.” Sabe de uma coisa? Creio que essa frase é simples e completa. Ego. Essa palavra define todos os frutos da carne, inclusive o ciúmes. Embora seja usual entre os casais dizerem frases como “não vivo sem você”, ou então “você é minha felicidade”, essas belas frases não dizem muito sobre o amor. O amor está relacionado à uma entrega diária e perpétua, e não a momentos e frases. Se perguntarmos a um casal idoso a razão de permanecerem casados, é muito improvável ouvirmos frases do tipo “porque ele me diz coisas bonitas”, ou porque “ela cozinha bem”, mas ouviremos: “porque ela nunca me desamparou”, “porque ele me ama e cuida de mim mesmo quando eu o machuco”, etc. O ciúme está voltado pra coisas momentâneas e essencialmente egocêntricas. Não existe interesse em ver o outro feliz e suprido, mas sim em enxergar o selo de propriedade na pessoa, do tipo de pensamento “Eu vi primeiro! Caia fora!”.

 

Não se ufana, não se ensoberbece.

Poderíamos definir “ufanar-se” como sendo “ato de se considerar perfeito e autossuficiente”. É um sentimento que diz “não preciso de ninguém”. O mesmo sentimento de superioridade aos outros é caracterizado por soberba. O que há de errado nesses sentimentos? O mesmo que todo o resto, são egocêntricos. A característica básica do amor é a manifestação da vontade e da bondade de Deus, e sendo assim, JAMAIS o amor poderia surgir no ego humano. A soberba é o exato contrário sentimento ao que Jesus teve, e portanto, é adâmico e mais ainda satânico. O amor é humilde, sempre, porque isso agrada ao coração de Jesus, e o Espírito Santo clama a todo momento em nós, nos levando a ser uma Igreja mais atraente ao Noivo.

Que Jesus te abençoe!

Guiherme Wilson, discípulo de Jesus.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Meditação em I Coríntios 13 – Versículo 3

 

Versículo 3: “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.”

Ter poder sobre coisas é a maior aspiração do coração natural do homem. Como o homem não tem poder sobre o tempo, ele se empenha a ser “senhor” sobre o máximo de bens e pessoas que puder, até envelhecer e morrer desiludido. Alguns dizem que não se preocupam com isso, e que vão vivendo até a morte chegar, dizendo que é algo comum, mas a verdade é que quando ela chega a eles se desesperam e agonizam. Na busca de maximizar o prazer em vida, eles se empenham em conseguir coisas, e ter poder sobre elas.

Quando um homem nasce de novo, e recebe o Espírito Santo, uma das primeiras coisas que ocorrem é o desligamento com esse apego. O discípulo de Jesus passa a ter consciência que não vive para esse mundo, e por consequência tem total tranquilidade em doar seus bens aos pobres quando o Senhor os direciona a isso. Paulo diz no versículo “distribua TODOS os meus bens entre os pobres”, e TUDO é TUDO. Carro, casa, dinheiro, móveis, roupas, joias, tudo. É um desprendimento tal que nem temos ideia de como seja.

Diz-se que a dor da queimadura é uma das mais fortes, e que na época de Paulo muitos mártires entregaram-se e morreram por Cristo. Alguns deles foram queimados vivos, como descrito em muitos relatos da época. A própria razão de serem chamados mártires, é fruto dessa ação em vida que continua causando tremendo impacto mesmo depois da morte. Esses homens poderiam muito bem fugir, se esconder, ou tentar uma solução diplomática, mas não. Eles enfrentavam tudo o que fosse necessário pela obra do Senhor.

Coragem extrema é o que define um homem se entregar para morrer por Cristo. Certamente essa entrega, mesmo que para a morte, distinguia esses homens dos demais, e eles são lembrados até hoje, continuarão sendo lembrados até o fim, como homens que amaram a obra acima de suas próprias vidas, literalmente.

O curioso disso tudo é que Paulo diz que ainda que ele se entregasse para ser queimado vivo após ter doado todos os seus bens aos pobres, NADA disso aproveitaria a ele se não tivesse amor. A morte por queima é dolorida, intensa, mas é também rápida, e dentro de instantes o homem agonizando é um pedaço de carvão retorcido. O sentimento de propriedade é tão passageiro quanto o de desapropriação, e algum depois de doar tudo, a vida seguiria seu curso. Mas no amor não é assim que funciona...

No amor não se morre uma morte rápida, mas se entrega diariamente fazendo morrer a própria vontade e desejo em prol do outro. Não se doa os bens, mas o coração, as lágrimas, as dores, as emoções, as decisões, o tempo. O amor é sinônimo de entrega contínua e eterna. Entrega contínua e eterna!

No amor do Pai,

Guilherme Wilson, discípulo de Jesus.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Meditação em I Coríntios 13 – Versículo 2

 

Versículo 2: “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, senão tiver amor, nada serei.”

Várias vezes vemos a Palavra retratar o dom de profetizar como sendo o dom supremo. E de fato é, afinal consiste em através do Espírito Santo, declarar coisas sobre a vida de alguém com autoridade, coisas tais que são a resposta de Deus para aquele momento, e a manifestação verbal do que Deus deseja e vai fazer. Existe uma passagem em Atos que retrata um homem piedoso que possuía quatro filhas virgens que profetizavam, e é interessante que o autor escreveu isso no relato, pela grandiosidade que representava. O dom de profetizar representa a plenitude da manifestação do Espírito Santo.

Conhecer mistérios era algo profundo que apenas os mais estudados desfrutavam. Os escribas eram uma parcela dos judeus que se aplicava nos estudos e nos mistérios, e descobrir esses mistérios era algo extremamente incrível. O mesmo vale para a ciência, porém com um tom isento do espiritual. A ciência consiste em estabelecer hipóteses lógicas e entrelaçadas que justifiquem ou expliquem fenômenos observados. Um cientista que se aplica se destaca entre os outros. A reputação dele é consequência do quanto ele conhece da ciência. O mais incrível é a palavra “todos” antes de mistérios e “toda” antes de ciência, o que significa conhecimento pleno de TUDO o que existe.

A fé fala por si só. Sabemos que sem fé é impossível agradar a Deus, e o que é a fé? É a certeza de coisas que se esperam, e a convicção de fatos que não se veem, segundo o livro de Hebreus. Fé é o que possibilita alguém crer no sobrenatural da mesma forma que enxerga o natural, e assim, produzir sinceridade no contato com Deus, e prontidão em agir sobrenaturalmente segundo a ordem dEle. Transportar montes não é algo fácil de se imaginar, porque vemos o monte como uma formação rochosa fortemente encravada no solo, com milhões de toneladas, e não como um amontoado de matéria aglutinada por Deus para um propósito específico, mas que representa para Ele a mesma dificuldade de remoção do que um pedaço de algodão.

A grande verdade é que não existe “pecadinho” e “pecadão”, para Deus existe o pecado. Não existe o monte e o pedaço de algodão, existe um aglomerado de matéria, que se Deus quiser mover, Ele irá. Nós classificamos o “tamanho” do pecado pelas consequências que ele traz, e classificamos o peso da matéria pela capacidade da nossa força em movê-la. Fé é o que muda as coisas em nossa mente, e nos faz agir e pensar com liberdade em Deus, possibilitando ações sobrenaturais dEle por meio de nós.

Dom de profetizar, conhecimento de todos mistérios e toda a ciência, fé a ponto de transportar montes... Todas essas coisas são a caixa de ferramentas dos sonhos de um apóstolo. Paulo escreveu nesse versículo, semelhantemente ao primeiro, à respeito de coisas que ele muito considerava importantes. Com tais ferramentas, não haveriam restrições à obra, certo? Errado.

“Se não tiver amor, nada serei.” Ual! Esse tal de amor é realmente incrível não? Como é possível que ele seja fator tão decisivo, a ponto de inutilizar todos esses itens incríveis, caso esteja ausente? A questão é muito simples. O amor nos exige que sejamos como Jesus, enquanto que os outros itens não. É possível ter grande fé e um enorme conhecimento sem amar, mas quando se ama de verdade, então é o Próprio Cristo vivendo através daqueles por quem morreu e ressuscitou!

 

Ter qualidades incríveis nos torna homens excelentes, mas ter um coração que ama nos torna discípulos de Jesus.

“E nisto conhecereis que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns para com os outros” (Jo 13.35)

 

Graça e paz,

Guilherme Wilson, discípulo de Jesus.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Meditação em I Coríntios 13 – Versículo 1

 

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.”

Se existisse alguém capaz de falar todas as línguas existentes, certamente essa seria a pessoa mais comunicativa de todas. Não haveria empecilhos para a comunicação.

Mas existe algo que é importante lembrar, o contexto da vida do autor dessa frase. Paulo era um apóstolo, alguém que viajava de lugar em lugar para pregar o Evangelho, e o grande impedimento que poderia surgir era justamente o saber falar a língua dos povos. Creio que quando ele fala sobre falar as línguas, ele estava querendo retratar a eficiência que isso traria à Obra.

Ele diz que mesmo que tivesse tal incrível capacidade, que pudesse se comunicar com todos os povos e anjos, se não tivesse amor, ele seria como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.

O bronze é usado para fazer aqueles gongos na China, como vemos no filme. Provavelmente já deve ter visto também aqueles pratos de metal que são batidos um contra o outro e fazem o maior barulho. Creio que devemos prestar atenção a fundo nessa comparação! Olhe a força desses instrumentos! O barulho a poucos metros deles é ensurdecedor, e o gongo, por exemplo, pode ser ouvido a uma distância enorme.

Mais uma vez, creio que Paulo está nos referenciando algo na Obra. Esses instrumentos simbolizam a eloquência, a capacidade de passar uma informação a um grupo enorme de pessoas, a eficiência da pregação. Mas... Paulo não fala deles como algo bom, ele diz que sem amor ele seria tal qual eles. E o que há de ruim em falar a língua de todos os povos e anjos, e ainda por cima com a eloquência de um gongo um ou címbalo?

Estes instrumentos não possuem vida em si, não produzem nada por espontaneidade, e uma linguagem não é mais do que um código de comunicação, sem a informação ela não faz sentido. O dicionário possui todas as palavras de uma língua, mas nunca vi ninguém usar um dicionário como conselheiro.

Não adianta falar todas as línguas com a eloquência de um gongo, porém sem amor.

Todas as nossas capacidades ou destrezas, de nada valem se não tivermos amor. E esse amor vai muito além do que pensamos. Ele não nos exige capacidade alguma, apenas determinação em amar e continuar amando, perseverar dia a dia amando.

Que Deus abençoe você.

Guilherme Wilson, discípulo de Jesus.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Uma saia saindo de casa por causa de que?

 

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É manhã de sábado ainda um pouco fria em Nova Iorque, o inverno indo embora expulso pela primavera que chega com todo ímpeto. Julie sai cedo de casa e mais uma vez abandona seus filhos aos cuidados da rua, e entra de cabeça em mais uma jornada de trabalho de 14 horas, conquistando seu próprio espaço. Embora seu marido viva a encorajando a permanecer em casa ela está cansada de ser menosprezada pela sociedade machista, e trabalha quase dois expedientes todos os dias para provar que mulher não é o sexo frágil, e podem tanto quanto ou mais do que os homens. Os filhos Antony e Susan estão cada dia mais rebeldes e desleixados, a preguiça impera no lar e Robert já não aguenta mais ter de lidar com o emprego e os serviços de casa deixados para trás por sua esposa. Susan diz que quando crescer quer ser como a mamãe, e vez ou outra começa a dar ordens ao irmão mais velho.

Julie entra no bonde e se espreme por entre homens e outras mulheres. Mal sabe ela que hoje algo muito ruim acontecerá na fábrica onde trabalha, e que muita coisa mudará depois desse dia. Ela sobe até o nono andar do edifício de Triangle Shirtwaist, onde trabalha costurando. São 6  horas da tarde e faltam 3 horas para o fim do expedinte, uma fumaça começa a invadir a ala oeste e Julie erra a costura. Seus olhos começam a arder e ela percebe que precisa fazer algo. O pânico toma o lugar e as mulheres passam por cima uma das outras para chegar às duas saídas que existem, para conseguir acesso às escadas, mas… é tarde demais… uma delas está trancada, e a outra tomada por fumo e chamas. Julie começa a pensar no pior que pode estar por vir, e corre para a escada de emergência onde dezenas de mulheres tentam descer. Barulho de ferro retorcendo, a escada começa a se desprender e despenca, 8 andares, transformando mães, filhas e esposas em corpos esmagados sem dó nem piedade.

Acabou. Julie sabe que vai morrer, mas resiste até perceber que as chamas chegaram até onde ela está. Ao ver suas colegas gritanto, corpos deformados e um cheiro horripilante de carne e sangue queimando. O que fazer?  Nada. De repente, Julie é tomada por um sentimento estúpido de sobrevivência, ela perde a razão enquanto padece queimaduras de terceiro grau, e ao ouvir as janelas se estilhaçando pelo calor… ela corre para sua morte, e salta, 9 andares até o chão insólito. Seu corpo agora está irreconhecível, nu e terrívelmente queimada, esmagada pelo impacto.

25 de março de 1911, o último dia da vida de Julie e de outras 145 mulheres, ironicamente 6 dias após a comemoração do terceiro dia Internacional da Mulher, naquele ano comemorado no domingo anterior, dia 19. E o que aquelas mulheres ganharam? Nada.

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Robert ficou louco ao ver o que restou da esposa naquele caixão de madeira  rude, e foi internado e morreu anos depois. Os pais dele tomaram conta dos netos que cresceram complexados e confusos. Antony, sem a presença do pai se tornou um homem sem atitude e passou a exigir que sua esposa trabalhasse fora de casa também. Susan se tornou líder do sindicato das costureiras, e orgulhosamente incorria no mesmo erro da mãe, abandonando o lar, marido e filhos para “ser alguém”. A imagem que ambos tinham da mãe era de uma guerreira, mulher trabalhadora e que lutava pos seus ideais, e que morreu fazendo o que mais gostava de fazer: trabalhar como costureira. Não havia lembranças de uma mãe, de uma educadora, de uma esposa, de uma administradora do lar, nada disso, afinal… isso era tudo o que Julie não era.

O dia 8 de março é comemorado como sendo o dia da mulher, comemoração às conquistas da mulher do início do século XX em diante. Mas será mesmo que devemos nos orgulhar dessas mulheres? O que será que o Senhor Deus pensa disso?

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Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis.
O coração do seu marido está nela confiado; assim ele não necessitará de despojo.
Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.
Provérbios 31:10-12

Levanta-se, mesmo à noite, para dar de comer aos da casa, e distribuir a tarefa das servas.
Provérbios 31:15

Estende as suas mãos ao fuso, e suas mãos pegam na roca.
Abre a sua mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado.
Não teme a neve na sua casa, porque toda a sua família está vestida de escarlata.
Provérbios 31:19-21

Faz para si cobertas de tapeçaria; seu vestido é de seda e de púrpura.
Seu marido é conhecido nas portas, e assenta-se entre os anciãos da terra.
Provérbios 31:22-23

Está atenta ao andamento da casa, e não come o pão da preguiça.
Levantam-se seus filhos e chamam-na bem-aventurada; seu marido também, e ele a louva.
Muitas filhas têm procedido virtuosamente, mas tu és, de todas, a mais excelente!
Provérbios 31:27-29

Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa sim será louvada.
Provérbios 31:30

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A descrição da mulher virtuosa na passagem de Provérbios 31 mostra uma mulher comprometida com o lar, marido e filhos. Ela toma isso como sendo sua máxima responsabilidade e honra sua função com empenho e determinação.

Se Deus escolheu as coisas para serem assim, porque é que mulheres largam os lares? Porque surge dentro delas o desejo de “ser alguém”. Essas mulheres passam a crer que somente o que os maridos fazem tem valor, e então tentam copiá-los e saem para trabalhar.

Se repararmos bem, a mulher virtuosa de Provérbios 31 tem muitas outras atividades além das familiares, mas essas atividades jamais são colocadas acima de sua função máxima. A mulher virtuosa está determinada a largar qualquer dessas atividades se servirem de laço para realização do que Deus deseja para elas.

É claro que isso que estou dizendo se aplica às mulheres casadas, e não às solteiras. Assim como seria um absurdo exigir de homens solteiros as responsabilidades de provedor e líder de um homem casado. Cada coisa a seu tempo.

Mas falando de mulheres casadas, vou dizer o que pra mim é ser uma mulher virtuosa:

- Uma mulher que ama a Deus, e diligentemente ensina a seus filhos o caminho do Senhor.

- Uma mulher que jamais passa por cima da autoridade do marido, mas confia nele e o edifica por meio da oração e jejum.

- Uma mulher que cumpre com constância os deveres do lar, que sabe cozinhar e lavar, que é caprichosa e prendada.

- Uma mulher que é uma com o marido nas finanças, e não abusa jamais dos recursos da família para si mesma.

- Uma mulher que não se dobra aos filhos, mas os disciplina e educa no Senhor, com toda sabedoria.

- Uma mulher que anima e fortifica o marido quando este chega cansado do trabalho, sempre o levando a agradecer ao Senhor, mesmo em tempos difíceis.

- Uma mulher generosa e caridosa, que tem uma visão ampla do Reino de Deus e deseja ardentemente realizar a Sua Obra.

- Uma mulher de oração, que está acostumada a render aos pés de Cristo suas dificuldades e lutas, se abrindo também sempre com o marido e o fazendo saber do que se passa no íntimo de sua alma.

- Uma mulher que não se adere aos conceitos mundanos de moda, mas é recatada, discreta e sabe se manter guardada para o marido.

Para mim, são mulheres assim que merecem a nossa admiração, elas sim são verdadeiras heroínas e transformam diariamente seus lares em habitação da Paz de Cristo. Isso sim é ser uma mulher de verdade! Elas não precisam declarar o imposto de renda, nem possuem FGTS, mas vencem diariamente em tudo aquilo que Julie falhou em seu lar.

Se isso fosse hoje um padrão, o dia 8 de março seria esquecido, pois TODOS os dias, milhares e milhares de homens ajoelhariam aos pés de suas camas e glorificariam a Deus pelo grande presente que receberam dEle, suas auxiliadoras idôneas, que TODOS os dias viverão ao seu lado, zelando pelo lar pelo qual esses homens trabalham incansavelmentem, formando o retrato exato da família que o Senhor planejou para serem.

Nós...

Eu sei que vou viver essa alegria, e dou graças ao Senhor, pela família que para a Glória dEle, eu e minha amada noiva formaremos.

Que o Senhor abençoe os lares, e corrija os corações de homens e mulheres que tem invertido suas funções, e aderido ao modelo do mundo. Que diminuam o número de maridos molengas, mulheres cabeças, filhos rebeldes, e lares destruídos.

Graça e Paz a todos.

Guilherme Wilson, discípulo de Jesus.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O que é a vontade de Deus?

 

Dezenas de ministérios no Brasil dizem seguir fazendo a vontade de Deus. Livros e livros são escritos, templos são edificados, músicas gravadas, pregações renomadas e muitas outras coisas tem sido feitas em nome dessa vontade de Deus. Mas será que entendemos ao certo o que é a vontade de Deus?

Vejamos o que Jesus diz a esse respeito:

“E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.” João 8:29

Jesus disse que Deus não o deixou só por quê? Porque ele fazia sempre o que lhE agradava. Trinta e três anos fazendo essa vontade de uma forma plena e perfeita. Vejamos algumas passagens:

“Então, chegaram ao pé dele os discípulos de João, dizendo: Por que jejuamos nós e os fariseus muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam?
E disse-lhes Jesus: Podem porventura andar tristes os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias, porém, virão, em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão.” Mateus 9:14-15

Se o correto de acordo com os ensinamentos tradicionais de Israel era que jejuassem, porquê os discípulos de Jesus não? Isso era a vontade de Deus?

“Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão.” Mateus 15:2

Mesma situação, os discípulos de Jesus, seguidores dEle, naquele momento trangrediam as leis dada pelos profetas e por Moisés. Vontade de Deus?

“E aconteceu que, no sábado segundo-primeiro, passou pelas searas, e os seus discípulos iam arrancando espigas e, esfregando-as com as mãos, as comiam.
E alguns dos fariseus lhes disseram: Por que fazeis o que não é lícito fazer nos sábados?” Lucas 6:1-2

Os discípulos de um judeu, trabalhando no sábado? Vontade de Deus? Ah… mas aí pode ser que alguém diga: “Guilherme, vc só está dando exemplos de coisas que os discípulos de Jesus fizeram, e não de coisas que Jesus fez…”.

Bom então vamos lá…

“E, tomando a palavra o príncipe da sinagoga, indignado porque Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados, e não no dia de sábado.” Lucas 13.14

Curando aos sábados? E a lei??

“E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.” Lucas 15.2

Comendo com pecadores? Como assim? Vontade de Deus?

“E os escribas e fariseus, vendo-o comer com os publicanos e pecadores, disseram aos seus discípulos: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores?” Marcos 2.16

Ops… de novo hein?

“E, estando ele em betânia, assentado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher, que trazia um vaso de alabastro, com ungüento de nardo puro, de muito preço, e quebrando o vaso, lho derramou sobre a cabeça.” Marcos 14.3

Na casa de um leproso, e como se não bastasse, permitir que uma mulher fizesse isso? Numa época que até falar com uma mulher em público era contra a lei? Isso também era vontade de Deus?

Pode acreditar… tem muito mais exemplos de onde esses vieram…

Nessa hora, muitos ficam confusos… como é possível que tudo isso fosse vontade de Deus? A resposta é muito simples: é porque a vontade é de… Deus. Jesus não seguia um caderninho de leis, Ele ouvia e obedecia a voz de Deus.

 

Temos a incrível mania de misturar as coisas. Começamos a querer criar padrões e lógicas pra vontade de Deus, até que a tornemos na nossa vontade. Frases comuns como: “A voz do povo é a voz de Deus”, “Se Deus quiser, e Ele quer!” entre outras, só revelam uma tentativa de dobrar essa vontade de Deus e ainda assim parecer que é correto.

Deus possui a vontade dEle, e nós não podemos adivinhá-la, para sabermos o que Ele quer, temos que ouvir dEle.

Moisés esperou sete dias no Sinai até ouvir Deus falar com Ele. Os profetas clamavam e esperavam que Deus falasse quando Ele quisesse. Jesus ia orar várias e várias vezes buscando a vontade do Pai, e nunca, nunca alguém conseguiu forçar a Deus a falar qualquer mínima coisa.

A vontade de Deus não pode ser forjada. Não pode ser inventada. Não pode ser deduzida. Deus sabe falar! Nós é que muitas vezes não sabemos ouvir.

Deus nos manda levar mantimentos a uma família, nós vamos e de tão empolgados que ficamos com o resultado, decidimos que vamos vender a casa e ir pra África. Se Deus colocar no coração de alguém a ir pra África, ELE colocará, porque qualquer coisa que façamos pra Ele, mas que não seja o que Ele quer que façamos, se torna pecado.

Deus nos toca a pegar o violão e tocar um cântico em uma rodinha, e aí porquê todos se semsibilizaram eu decido que o “MEU” ministério é a música e tenho que gravar um CD, dizendo que Deus me escolheu pra ser levita? Levita? Levitas são os descendentes de Levi, tribo de Israel, que servia no Templo, o Templo cujo véu Deus rasgou e depois o transformou em um montão de pedras. Figurativamente, todos aqueles que são discípulos de Jesus são “levitas”, porque lhes cabe fazer a obra DE DEUS.

Fazer o bem só é realmente fazer o bem se é o que Deus quer. De nós não procede bem algum, se isso não for gerado em nós por Deus.

Deus tem uma obra a ser feita, e tudo nessa obra deve ser feito de uma forma precisa e idêntica à vontade dEle. É por isso que Ele deu ordens tão rigorosas sobre a construção do Tabernáculo no deserto. Ele não aceita que as coisas sejam feitas à nossa maneira, e jamais aceitará.

Se quisermos fazer a vontade de Deus, primeiro precisamos ouvir a Deus. E esperar o tempo que seja necessário para Ele falar, desobstruir nossos ouvidos espirituais através de uma vida de santidade, de rendição diária a Deus, e só então ouvirmos a Deus, descobrirmos dEle a vontade que lhE apraz, e cumpri-la.

Deus não nos manda carregar nada que Ele não quer, e muitas vezes a caminhada é difícil porque estamos carregando muitas pedras na mochila que Ele não nos pediu que carregasse.

Jesus é simples, e simples o Seu evangelho. E talvez pela simplicidade desse evangelho muitos o queiram incrementar, “enfeitar”, não entendendo no entanto que TUDO o que for feito em adição é inútil para gerar transformação em vidas, porque não foi Deus que instituiu.

A vontade de Deus é que as almas de tantas e tantas pessoas não sejam lançadas no inferno, feito para satanás e seus anjos caídos. Essa é a vontade de Deus. Tudo o que Deus nos pedir vai visar isto, de forma simples e clara, tudo foca nesse objetivo, a fazermos discípulos, batizando-os em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a guardar todas as coisas que Jesus nos ordenou. (Mateus 28.18-20)

Não é necessário pompa, nem púlpitos, nem templos, nem nomes e placas, nem ministérios diversos, nada disso, apenas um coração simples e resolvido o suficiente para falar sobre um evangelho simples, porém unicamente eficaz para cumprir com o Propósito de Deus.

“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.” João 15.10

Que Jesus nos direcione a essa verdade a cada dia, nos limpe de nós mesmos, e nos preencha com aquilo que Ele deseja, e que dEle procede.

Graça e paz,

Guilherme Wilson, discípulo de Jesus.

terça-feira, 13 de março de 2012

Que lógica faz?

Eu estava lendo a Palavra essa manhã, no livro de Levítico, e me deparei com as leis sobre o que comer e não comer, sobre as ofertas de sacrifício pelo pecado, sobre o que fazer com o leproso entre outras. Ao ler eu buscava um sentido para tudo aquilo sem entender nada, mas perseverei na leitura até que deu a hora de ir trabalhar e então fechei a Bíblia. Quando voltava do trabalho agora a pouco eu voltei a lembrar daquelas coisas que li e comecei a buscar por explicações lógicas… até que Deus enfim me revelou o problema justo aí… eu buscava a lógica.

Lógica pode ser entendido resumidamente como um padrão que permite comparações e assim a construção de idéias. Com a lógica é possível “adivinhar” o que acontecerá em uma situação semelhante, por exemplo: o ovo bóia na água salgada, e afunda na água doce, sendo assim se misturarmos as águas, em algum instante ele ficará no meio do caminho, sem boiar nem afundar. E acreditem, isso funciona.

Agora te darei um outro exemplo: Você o som de um carro lá fora, e tenta imaginar a marca dele. Você escuta o barulho e presume, sendo o som de uma camionete, e sendo a marca mais comum na sua cidade a Mitsubishi, que aquele carro é uma Mitsubishi L200…

Porém quando vai lá fora você percebe que na verdade era um caminhão pequeno!

A razão pela qual você errou é exatamente porque a forma como você cria a lógica depende unicamente dos seus cinco sentidos: Visão, Audição, Paladar, Olfato e Tato. É impossível você analisar qualquer coisa sem usar um desses sentidos, e sendo assim, a lógica é escrava das nossas limitações humanas. Agora pense um pouco, quantos sentidos possui Deus? Reflita um pouco nisso…

Não existem sentidos pra Deus, afinal os sentidos só podem ser definidos pelas suas limitações, concorda? Uma pessoa que é surda só percebe que é surda ao ver duas pessoas conversando com palavras, o mexer dos lábios que para ela não é mais do que movimento, para os outros é uma comunicação estabelecida. Sem as limitações não há forma de definir os sentidos!  Deus não é limitado, e assim não é possível definir sentidos para Ele. Além disso, Ele é o Criador de tudo e não precisa de um padrão comparativo que defina as coisas que Ele mesmo criou e sabe perfeitamente como são e como funcionam.

A lógica é a tentativa do homem de recobrar o conhecimento que perdeu no Éden, quando decidiu ser seu próprio Deus. Se eu quiser eu posso até me chamar de pássaro, mas ainda assim eu não vou voar. O homem se considerou Deus, mas… continuou preso àqueles cinco sentidos carnais. Ele era completo em Deus, porém no dia que se tornou independente, viu que estava nu. Viu que não sabia explicar o funcionamento e a existência de nada! Teve de tentar “construir” essas explicações, e para isso criou a lógica comparativa.

É exatamente por isso que não consigo encontrar lógica no que está escrito em Levítico, Deus nos mostra naquelas palavras que  não precisamos entender o que Ele quer para cumprir o que Ele quer. Só existe resistência à Palavra quando existe um confito de interesses, os meus e os de Deus. A resistência à cumprir e aceitar com alegria o que Deus nos diz nos revela uma postura independente no coração, o que precisa ser tratado se desejamos viver unidos com Ele.

Um filho não questiona o pai sobre a procedência da comida, apenas come, alegre e confiadamente. Da mesma forma deve ser nosso coração. Precisamos entender que de fato só existe verdade em Deus, porque todo o resto é a nossa lógica, e sabemos que ela não explica tudo. Pela ciência, a Terra já foi o centro do universo, já teve o sol girando em torno de si, já foi plana, já foi redonda, hoje é geóide (achatada nos pólos) e o que será daqui a trinta anos? Podemos afirmar que continuará geóide? Eu não me arriscaria a ter tanta segurança nas impressões nos nossos falhos sentidos.

O povo de Israel rodou em círculos no deserto por quarenta anos porque era de “dura cerviz” isto é, era teimoso em se afastar do Senhor e mandar em si mesmo, e olha que aquele caminho levaria apenas sete dias se fossem apressadamente e sem interrupções! Que o Pai nos ensine a ter um coração que confia e depende dEle, que cumpre os desejos do Seu coração sem questionar ou negar, apenas entendendo que dEle procede tudo aquilo que é bom e perfeito.

Que o Senhor abençoe grandemente cada um de vocês, e conduza a cada um para perto dEle cada dia mais.

No amor do Senhor,

Guilherme Wilson, discípulo de Jesus.

domingo, 11 de março de 2012

Voz nas gotas da chuva.

Algumas vezes sentimos o Senhor falando conosco, porém existem outras ocasiões nas quais temos a sensação de que Ele utiliza milhares de vozes em uníssono, nos trazendo uma mensagem muito importante. Hoje foi um dia assim para mim.

Nos últimos anos, enquanto na faculdade, enfrentei gigantes enormes para resistir firme na obra do Pai, dias de propósitos, de oração intensa por uma lista de pessoas, um grande esforço para relacionar com a Igreja, o baixo retorno financeiro das árduas aulas particulares em domicílio, enquanto ainda conciliava os assuntos da faculdade, trabalhos e provas. Não foi fácil.

Subitamente, tudo ficou mais fácil e perfeito. Fui curado de uma doença incurável e aumentei minha gama de alimentação em no mínimo 500%, O Senhor permitiu que eu conhecesse minha futura esposa, pude apresentar um trabalho importante em um congresso internacional, recebi do Pai o emprego que sempre sonhei em ter, contato com a família e com a Igreja de forma constante, um salário muito bom e tranquilidade.

Paz e tranquilidade. Que maravilha, que delícia isso tudo acontecendo, comecei a curtir cada momento, cada dia, só sorrisos e alegria. Hoje, no entanto, o Senhor trouxe uma palavra ao meu coração.

Um irmão muito querido foi usado pelo Senhor no encontro geral da Igreja em BH para fazer um paralelo entre os tempos de Noé e os tempos de hoje. Nesta palavra ele falou sobre a paz e a tranquilidade que vinham sobre os homens até o dia em que a chuva caiu e inundou todos com seus planos, idéias, propriedades e reputações. Assim como aconteceu naquele tempo será na vinda do Filho do Homem sobre as nuvens do céu.

Noé teve de se desprender de tudo para fazer aquela arca. Sem ferramentas e energia elétrica ele a construiu com cento e trinta metros de comprimento, segundo a ordem de Deus. Ele precisou abrir mão do seu tempo, do seu descanso, do seu dinheiro, da sua reputação (afinal ele era tido como um louco ao pensar que realmente ia cair chuva naquele lugar desértico) e ainda assim perseverou até o fim.

Hoje os tempos são assim também, e o Filho do Homem virá quando menos estivermos esperando. O que temos feito pelo Reino de Deus? Eu confesso, muito pouco tenho feito e me envergonho disso. Hoje vejo como a paz e a tranquilidade podem cegar e anestesiar um discípulo de Jesus. Hoje já não passo muito tempo lendo a palavra, nem jejuo com frequência, nem tampouco tenho mantido contatos de proclamação constantes, e sabe por que? Me entristeço em dizer isso, mas tenho agido como a Igreja Laodicéia. No meu íntimo do coração, não existe urgência, existe apenas a manutenção. Não existe ataque, apenas defesa, estou tranquilo, mas Deus não!

Deus nesse exato momento está triste com tantas vidas que se perdem sem conhecê-lo, se entristece ao ver como o meu coração é mal e tende a se afastar dEle quando as coisas vão bem. Nesse exato momento está caindo uma tempestade lá fora, e no meu coração é como se Deus estivesse me dizendo: Estou chorando, mas existe um teto seguro sobre você de forma que você ignora o barulho das minhas lágrimas sobre as telhas do seu orgulhoso coração!

Vejo muitas pessoas adimirando minha vida porém poucas sabem as dificuldades que enfrento comigo mesmo. Hoje mesmo um amado irmão se aproximou de mim e me disse: “Guilherme, eu gostaria de te dizer que o seu exemplo em São João del-Rei, na faculdade, anima muito aos nossos corações. É bom quando temos um testemunho palpável para assegurar o que pregamos e a vida que você teve lá foi um exemplo pra nós.” Na hora que ouvi ele dizer isso… meu coração partiu. Partiu porque embora fosse verdade que perseverei no Senhor lá, eu me assentei no sofá quando a poeira baixou. Me vi na rotina diária: Acordar > Ler a Bíblia tomando café da manhã > Sair > Trabalhar > Voltar > Tomar banho > Relaxar > Dormir.

Na época de Jesus, uma pessoa rica era aquela que tivesse muito mais do que alimento, água e roupa necessários à sobrevivência. Confesso que nessa ótica, eu sou um rico, e sabe o que Jesus disse sobre eles? Disse que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus. Misericórdia Senhor!

O camelo era uma corda muito grossa e desajeitada usada para amarrar grandes barcos e navios no cais, e a agulha era a fenda muito estreita formada entre as paredes das casas vizinhas. Sendo assim, o sentido da comparação é: Exige grande esforço e abnegação, perseverança e olhar fixo no alvo para um rico entrar no Reino dos Céus. A ponta da corda pode entortar no meio do caminho e então será necessária uma nova tentativa e quantas mais forem necessárias, vencendo o atrito com as paredes e a moleza da corda a dificultar o trabalho. Não é impossível, mas é difícil.

O grande problema é, nos dias de hoje, comida e roupa são das últimas coisas que nos atraem! Hoje a indústria do entretenimento invade cada pedacinho do cotidiano e atribui a nós o “direito do lazer”. Será que não existe lazer em estar com o Senhor? Será que não é divertido ouvi-lo no nosso coração e ver como Ele trabalha? Existe algo mais emocionante do que ver alguém entender o Reino de Deus e se subjugar ao governo de Cristo? A cultura e os ideais mudaram, mas nosso Deus mudou? Não! Ele permanece o mesmo para sempre!

O mais incrível é que sei que tudo o que está acontecendo comigo acontece porque Deus assim definiu, e então, algo Ele tem pra me ensinar nesse momento. Eu quero voltar a fita e destinar a Deus o que é de Deus. Ser um bom empregado, futuramente um bom marido e pai, mas antes disso, eu quero enxergar o mesmo sorriso que vi nos olhos do Pai quando na luta do cotidiano da faculdade eu me refugiava nEle, e como Davi entoava cânticos de adoração e gratidão. Quero cumprir o que Ele deseja que eu cumpra, como alguém que deseja verdadeiramente crescer no Pai, e amá-lo de todo o coração, de toda alma e de todo entendimento.

A todos que estão lendo, gostaria de que soubessem o quão falho sou, o quanto careço de oração. Eu não sou ninguém sem Ele. Antes eu era ninguém, hoje continuo ninguém. Tudo o que eu produzi, produzo e produzirei morrerá nessa Terra e apodrecerá junto com meus ossos frágeis, revelando a falibilidade do homem e de suas conquistas pessoais. A única coisa que de fato é eterna em mim e o Amor de Deus, e Ele só. Queria que pensassem em mim como o mais necessitado dos homens, o mais carente e imperfeito deles, de forma que suas orações e palavras sejam usadas por Deus para me conduzir à perfeita varonilidade, que não depende de quem sou, de onde estou, do que eu tenho, do que eu penso, porém depende unicamente de Quem Ele, Jesus Cristo, É.

Com carinho,

Guilherme Wilson, discípulo de Jesus.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Vivendo no Espírito


Antes de te explicar o título deste post, eu gostaria de recontar uma parábola, que embora não saiba quem a tenha inventado, com certeza foi um coração que de fato aprendeu a viver no Espírito.
Certo fazendeiro tinha um belo pomar, no qual havia plantado uma bela laranjeira. Cuidadosamente a regou, adubou e podou, até que numa manhã ensolarada ao olhar pela janela viu as belas laranjas que pendiam de ramos viçosos. Se aproximou e sentiu o aroma cítrico, alimentando a expectativa no sabor daquelas frutas tão belas. Apanhou a primeira e a descascou, porém ao prová-la… bleargh! Que azeda aquela laranja! “Que falta de sorte a minha!”, pensou ele, porém mais do que prontamente apanhou outra, na esperança de que a doçura mais do que certa aliviaria aquele sabor azedo, porém era ainda pior a segunda tentativa. Uma a uma ele tentava provar algo que fizesse valer a pena todo o esforço e tempo que gastara naquela árvore, mas estavam todas ruins, todas amargas.
Na tentativa de “consertar” a laranjeira, ele arrancou cada laranja e esperou a nova safra. Quando o esperado dia chegou, toda a ansiedade foi recompensada com… laranjas ainda piores que as primeiras! Um absurdo! Como aquilo era possível? Como algo tão ruim poderia ficar ainda pior?  O que ele poderia fazer agora? Abismado, ele resolve podá-la drasticamente, na esperança de que novos galhos dessem origem a novos ramos e consequentemente novas laranjas, boas laranjas. Já dizia o ditado :“A esperança é a última que morre”, e morreu naquela nova safra, dois anos após as últimas laranjas, porém duas vezes mais amargas.
Então um grande dilema passou pelo coração daquele fazendeiro: “E se… o problema estiver na semente que plantei? O que mais eu poderia fazer?”. A angústia correu do coração para os músculos da face, esboçando a total decepção, enquanto a dura verdade se materializava no velho machado dentro do celeiro. Ele sabia naquele momento que nada poderia ser feito com aquela árvore, que todo o esforço e tempo gastos havia sido em vão, e que se ele quisesse realmente laranjas boas ele deveria cortar pela raiz a laranjeira, e plantar outra no lugar, uma nova e boa semente, uma minúscula semente, começar do zero…
De um lado da balança estavam doze anos de cuidados, um orgulho ferido e uma laranjeira imprestável. No outro lado pendiam uma semente nova, a humilhação de todos que o vissem cortar a tão gabada laranjeira, um machado a ser afiado, e muito esforço pra derrubar centenas de quilos de madeira ingrata. O que ele faria então?
Cortou. Doeu. No fim do serviço um terreno vazio. A saudade do gosto das laranjas boas que “quase” provou. A sensação de fragilidade frente a uma semente desconhecida. A esperança apenas, e a determinação em esperar de novo doze anos, não havia mais orgulho, não havia mais reputação. Era ele e a semente.
Anos se passaram, agora não mais um coração orgulhoso, não mais a prepotência no falar. A nova semente curiosamente gerara um novo fazendeiro. A esperança crescera, junto com a serenidade, e os comentários malvados dos colegas já não o feriam mais. Embora todos dissessem o contrário ele apenas acreditava na qualidade da nova semente. Mal sabia ele que aquela havia sido uma lição dada por Jesus, e aquela semente, aquela semente era um novo coração.
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“E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.
Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á.
Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?
Ou que diria o homem em troca da sua vida?” (Marcos 8:34-37)
“Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14:33)
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Somos os fazendeiros, e o nosso eu é a nossa laranjeira. Levantamos nosso ego desde o dia que nascemos, e quanto maior e mais viçosa é a “árvore do eu”, mais amargos se tornam os frutos da independência em cada ser humano. Em busca  de se tornar Deus, o homem trabalha inutilmente naquilo que já não presta, e dia após dia assina sua obra prima em cada desgraça, cada desequilíbrio e cada destruição. Aos olhos, ele se sente como se estivesse “fazendo um mundo melhor”, porém não sabe que nunca será capaz de gerar algo bom.
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“…entre os homens não há um que seja reto; todos armam ciladas para sangue; caça cada um a seu irmão com uma rede…” (Miquéias 7.2)
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A religião é uma venda na qual o homem mascara sua indepêndencia, tapa os olhos para o coração de Deus, e cria pra si uma imagem de um Deus que não fira seus interesses egocêntricos. O Nome de Jesus é colocado frente a campanhas de prosperidade e cura, afinal saúde e dinheiro quem não quer? Porém quando o assunto é o Jesus Verdadeiro, quando a cruz é de madeira, e os pregos de metal frio, então poucos homens e mulheres se levantam pra lembrar, e ainda mais escassos os que se levantam pra imitá-lo, catequizando em seus corações e atitudes as palavras do Mestre retratadas em passagens como Mc 8.34-36 e Lc 14.33.
Porém, nesse interim, a vontade de Deus é uma apenas:
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“Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” (Atos 2:38)
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Quando aceitamos cortar a árvore do eu, o Senhor Jesus planta em nós uma nova semente, e esta é o Espírito Santo. Viver no Espírito implica em morrer a cada dia pra si mesmo, e gerar frutos bons no Senhor. Não somos nós que os geramos, mas Ele mesmo, o Autor e Consumador da nossa fé, Jesus Cristo.
Viver no Espírito implica em entender que santidade não é um substantivo, é um verbo. É ação diária, e entregar a Deus a direção de toda a nossa vida, e isso constantemente. Implica em receber do Espírito aquilo que precisamos para viver na fé, tal qual um bebê depende dos pais para sobreviver.
Jesus não nos chamou para vivermos provando laranjas amargas, e passarmos a vida inteira tentando provar que pelo menos um pouquinho de nós estava certo. Jesus nos libertou naquela cruz para sermos de fato livres, livres de nós mesmos. Só existe liberdade para o coração que se prende ao Senhor, e se lança aos pés do Trono.
O caminho para o celeiro, até aquele machado, todos conhecemos. É tão simples e claro que, embora muitos tentem complicar, sabem que na verdade derrubar uma árvore é mais rápido do que vê-la crescer, porém basta ao homem o esforço de cumprir com a Palavra, e fazer do arrependimento o cotidiano.
Negar a si mesmo.
Diariamente tomar a cruz.
Perder a vida.
Renunciar a tudo.
Andar na luz.
Viver no Espírito.
Matar o eu.
Viver Jesus.
Que o Senhor te abençoe com a Presença dEle, e multiplique em nós a revelação diária da vida no Espírito.
Guilherme Wilson, discípulo de Jesus.